quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O pescado na mesa do Brasileiro


          Publicado na edição 250 do Jornal Acontece


Embora o convite para escrever esta matéria tenha base pela Prodep S/A ser a administradora do Mercado Municipal de Peixes e do Trapiche, não seriam estes requisitos suficientes para eu descrever um pouco do quadro da pesca e do consumo do pescado no Brasil na mesa do brasileiro se não fosse um acompanhamento continuo que exerço por participação no Conselho Estadual da Apa Marinha Centro e Comitê da produção pesqueira da Fiesp entre outras assessorias. Neste tema a primeira lembrança que vem a minha mente são alguns comentários que meu pai já me fazia desde criança em comparação ao consumo de pescado no Brasil e de outros países. Ele dizia sempre que não conseguia entender como em um país com mais de 8 mil quilômetros de litoral tinha o preço do pescado tão alto, em face de que criar, tratar de gado por exemplo além de muito mais caro, trabalhoso não deveria concorrer com o pescado, já que este, em tese se cria sozinho !!? é a mesma incompreensão de todos nós, e parece que esta indagação começou a fazer sentido para mim diante da oportunidade de conhecer mais sobre os números, os problemas e a realidade do setor pesqueiro. São anos sem investimentos sérios e principalmente sem uma política capaz de conciliar produção com os interesses ambientais e de negócios, lê-se aqui também a busca incessante do petróleo em nossa costa, com técnicas que afastam embarcações e peixes, inviabilizando o custo para certas modalidades de pesca, já que significa buscar o peixe milhas e milhas mais longe, e outras exclusões de áreas de pesca que sempre foram utilizadas pela produção e que por resoluções e leis muitas vezes baixadas sem estudos que possam nortear o futuro da produção são impostas ao setor. Seja artesanal ou industrial, uma frota com média acima de 40 anos de uso, sem capacitação continua de profissionais e com leis extremamente rígidas excluem a pesca no Brasil e principalmente no litoral de São Paulo, tornando cada vez mais caro a busca do pescado por aqueles que exercem tão penosa atividade.Não há muito que comemorar, a tendência é tornar cada vez mais escasso o produto, porém o aumento do poder aquisitivo do brasileiro e o estimulo de produção em cativeiro permitiu ampliar um pouco mais o consumo do pescado de 2003 com 6 quilos por habitante para 2009 em 9 quilos por habitante, longe ainda do recomendado pela OMS 12 quilos, mas algo a ser comemorado já em 2011 por manter esta média. A baixada santista colabora ainda mais com este resultado, aqui o consumo per capita ainda é um pouco maior, a produção em média este ano atingiu 1.420 toneladas mês. Peruíbe colabora também, teve neste ano a média de 12 toneladas mês de pescados, com o esforço de cerca de 70 embarcações, todas artesanais que são as que produzem e fornecem prioritariamente o pescado para comercialização no Mercado Municipal de Peixes, aliás este o maior e mais moderno do litoral paulista. O fato é que na ponta, sempre esta o consumidor, a população, onde muitas vezes é lembrada apenas na hora da busca das estatísticas, mas neste caso falamos de saúde, qualidade impedida de chegar as nossas mesas por falta de organização de um setor vinculado com a incapacidade do estado em lidar com a importância do tema.Fica aqui a dica então, a "receita" é aumentar o consumo, visitar o nosso lindo Mercado de Peixes, um privilégio e fazer de sua mesa um banquete à saúde de sua família.